Informações sobre a presença das parlamentares na rede social on-line durante o fim da campanha eleitoral

Rafaela M. Sinderski

Seguindo com as publicações sobre o Twitter das vereadoras eleitas nas capitais do Sul do Brasil, este post reúne dados que dizem respeito ao município de Porto Alegre (RS). Em um cenário de sub-representação das mulheres no campo político (NORRIS E INGLEHART, 2005; MIGUEL E BIROLI, 2010; CHILDS E LOVENDUSKI, 2013; PANKE E IASULAITIS, 2016; MASSUCHIN, MARQUES E MITOZO, 2020; PAXTON, HUGHES E BARNES, 2020), a cidade gaúcha se destaca por ter sido a capital que, em 2020, mais elegeu candidatas para sua Câmara Municipal, representando 30,6% das 36 vagas disponíveis[1]. Karen Santos (PSOL) foi a postulante que angariou mais votos, considerando homens e mulheres. O quadro 1 apresenta uma relação das vereadoras que conquistaram uma vaga no parlamento porto-alegrense, o número de votos conseguidos por cada uma e suas respectivas contas no Twitter.

Quadro 1 – Vereadoras eleitas para a Câmara Municipal de Porto Alegre em 2020

Fonte: autora (2021), com dados disponibilizados pelo TSE.

Entre as 11 eleitas, apenas a conta de Cláudia Araújo, do Partido Social Democrático (PSD), não foi encontrada. Para a análise deste texto, foram coletadas, com ajuda do pacote TwitteR para o ambiente de programação R, as postagens feitas pelas demais representantes entre 1 e 15 de novembro de 2020 – reta final da campanha eleitoral, mais o dia da eleição. O objetivo foi verificar quais delas atuaram de maneira mais intensa na plataforma on-line. O gráfico 1, abaixo, revela a distribuição dos 507 tweets feitos no período.

Gráfico 1 – Número de tweets publicados pelas candidatas porto-alegrenses entre 1 e 15 de novembro de 2020

Fonte: autora (2021).

Como se vê, Laura Sito (PT) foi a candidata que mais postou na época. Ela não foi, contudo, a vereadora porto-alegrense que mais recebeu votos. O posto, como já dito, ficou com Karen Santos (PSOL), que não figura entre aquelas que mais tuitaram. Comparando os dados do quadro 1 com os que são apresentados pelo gráfico 1, fica claro que não há relação entre a intensidade de uso do Twitter – medido pela quantidade de publicações – e o desempenho na votação. Essa falta de conexão também foi verdadeira para Florianópolis. Apenas Curitiba mostrou alguma associação entre esses números. Isso não significa, contudo, que o site de rede social não tenha sido importante para a campanha das representantes. Essa relevância é algo que os dados aqui expostos não conseguem medir.


[1] Disponível em: https://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleitorais. Acesso em 3 jan. 2021.


Referências

CHILDS, S.; LOVENDUSKI, J. Political Representation. Oxford Handbooks Online, 2013. 

MASSUCHIN, M; MARQUES, J; MITOZO, I. Marketing Women Political Leaders. In: Ross, K. International Encyclopedia of Gender, Media, and Communication. Wiley, 2020.

MIGUEL, L. F.; BIROLI, F. Práticas de gênero e carreiras políticas: vertentes explicativas. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 18, n. 3, p. 653, set. 2010.

NORRIS, P.; INGLEHART, R. Women as Political Leaders Worldwide: Cultural Barriers and Opportunities. IN: THOMAS, S.; WILCOX, C. (Eds.). Women and Elective Office: Past, Present, and Future. Nova Iorque: Oxford University Press, 2005. pp. 244-63.

PANKE, L.; IASULAITIS, S. Mulheres no poder: aspectos sobre o discurso feminino nas campanhas eleitorais. Opinião Pública, v. 22, p. 385-417, 2016.

PAXTON, P.; HUGHES, M. M.; BARNES, T. Women, Politics and Power: A Global Perspective. Laham: Rowman & Littlefield, 2020.