Levantamento mostra que, dos 306 candidatos a prefeito(a) nas capitais brasileiras, 261 tinham contas ativas no Twitter

Afonso Verner

O Twitter tem se revelado como uma plataforma de rede social utilizada pela elite política e também pela elite intelectual (ROSSETO, CARREIRO E ALMADA, 2013) para realização de campanhas on-line. No caso brasileiro, existem estudos de fôlego sobre o uso dessa rede social para campanhas nacionais (AGGIO, 2014), além de pesquisas que detalham tal uso em disputas subnacionais (CERVI E MASSUCHIN, 2012). 

Diante desse cenário, este comentário busca apresentar dados sobre o uso da rede social na disputa pelas prefeituras das capitais brasileiras na eleição de 2020. Com a pandemia da COVID-19 e as mudanças no calendário eleitoral, o uso de mecanismos on-line para fazer campanha tornou-se ainda mais importante. Diante disso, a equipe do CPOP realizou o levantamento e acompanhamento do uso do Twitter nas eleições para as capitais. 

Ao todo, o pleito de 2020 teve 304 candidatos(as) a prefeito(a) nas 26 capitais brasileiras – todos eles tiveram candidaturas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas nem todos tiveram o registro concedido. Aqui se exclui o Distrito Federal, que não possui eleição para prefeito ou vereador, já que está submetido a outro tipo de organização político-administrativa.

Com base em buscas realizadas tanto no Twitter quanto no buscador Google, foram encontrados 261 candidatos(as) com contas ativas no site de rede social – o número representa mais de 85% do total de participantes do pleito, o que já revela a importância do uso desse mecanismo para campanhas municipais em grandes centros urbanos. A pesquisa dos perfis foi realizada no mês de outubro de 2020, guiada pela preocupação e pelo cuidado em localizar o maior número de contas de prefeituráveis possível, visto que muitos postulantes que participaram do pleito tinham nomes “comuns” ou mesmo homônimos.

A primeira tabela expõe dados sobre a quantidade de candidaturas registradas em cada uma das capitais. Além disso, há duas colunas que trazem o número de candidatos ativos no Twitter. Com isso, a última coluna apresenta uma porcentagem da utilização do Twitter nas disputas pelas prefeituras em capitais brasileiras.

Tabela 1 – Candidatos e a presença no Twitter

Fonte: Autor (2020).

Nota-se que apenas duas cidades contabilizaram contas ativas para todos os candidatos a prefeito(a) em 2020: São Luís e Goiânia. Já a cidade de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, tem a presença de 92,85% dos(as) prefeituráveis no Twitter. Índice de presença semelhante a outros grandes colégios eleitorais brasileiros, como Belo Horizonte, onde 86,66% dos candidatos estão no Twitter, Rio de Janeiro (93,85%) e Manaus (81,81%).

Em linhas gerais, a tabela 1 já demonstra que o Twitter é uma ferramenta de comunicação importante nas grandes cidades brasileiras. Entre as capitais, o menor índice de perfis ativos é registrado em Porto Velho (RO), município em que apenas 60% dos candidatos estiveram na plataforma durante o pleito de 2020. 

Em seguida, o gráfico 1 reúne os municípios por região (Centro-Oeste, Nordeste, Norte,  Sudeste e Sul) e apresenta uma média de utilização do Twitter como ferramenta de campanha eleitoral pelos prefeituráveis em 2020. Nota-se que, de forma geral, há uma similaridade na porcentagem de uso do Twitter pelos prefeituráveis quando se observa o índice de cada região.

Gráfico 1 – Utilização do Twitter pelos prefeituráveis considerando as regiões do Brasil

Fonte: Autor (2020).

O Sudeste, região mais industrializada e de maior concentração populacional no Brasil, exibe um índice de 85,64% de candidatos usando a plataforma no pleito de 2020. Já na região Sul, há um índice de utilização do Twitter entre os prefeituráveis que marca 83,07%. Em seguida, é a vez da região Centro-Oeste, com 82,77% dos candidatos a prefeitos(as) nas capitais utilizando o Twitter.

É preciso ressaltar que Centro-Oeste, Sul e Sudeste são compostas por menos unidades federativas (UFs) e, dessa forma, têm menos capitais em análise. Consequentemente, elas possuem menos candidatos, estando também menos expostas a variações. O Centro-Oeste, por exemplo, soma 27 candidatos a prefeito(a), incluindo Goiânia, município que tem apenas quatro postulantes e todos eles utilizam a plataforma.

Em seguida está a região Norte, com 78,76% dos prefeituráveis usando o Twitter – destaque para o número de candidatos nessa região, que conta também com um número elevado de estados, somando 105 prefeituráveis, maior marca entre as regiões brasileiras. Por fim, está a região Norte com 74,20% dos candidatos(as) usando o Twitter e também com um número elevado de prefeituráveis e de estados (UFs).

Esse comentário revela que o Twitter se configurou como importante plataforma de campanha on-line para os prefeituráveis que disputaram capitais brasileiras em 2020, no que diz respeito ao uso. Um próximo comentário tratará dos candidatos que não usaram a plataforma, levando em conta o resultado eleitoral e o partido desses postulantes.

Referências:

ROSSETO, Graça; CARREIRO, Rodrigo; ALMADA, Maria Paula. Twitter e comunicação política: limites e possibilidades. 2013. 

CERVI, Emerson Urizzi; MASSUCHIN, Michele Goulart. Redes sociais como ferramenta de campanha em disputas subnacionais: análise do Twitter nas eleições para o governo do Paraná em 2010. Sociedade e cultura, v. 15, n. 1, p. 25-38, 2012.